Grupo SIDS-AIS: PM defende coordenação formal para garantir futuro sustentável dos Pequenos Estados Insulares

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, defendeu hoje a criação de um mecanismo formal de coordenação e posicionamento comum, sublinhando que o futuro dos SIDS-AIS depende da acção coordenada, ambiciosa e pragmática do grupo.
“No Grupo SIDS-AIS, precisamos criar um mecanismo formal de coordenação e de posicionamento comuns (…) sendo que o futuro dos SIDS-AIS depende da capacidade do grupo em actuar de forma coordenada, com ambição e pragmatismo”, precisou o chefe do Governo.
Ulisses Correia e Silva, falava na abertura da reunião de alto nível dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e da região do Atlântico, Oceano Índico e Mar do Sul da China (SIDS-AIS), que decorre na cidade da Praia, durante dois dias.
Destacou ainda que este encontro representa uma oportunidade estratégica, numa altura em que a região se prepara para assumir, em 2027, a presidência da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS, na sigla em inglês), e acolher, em 2034, a 5.ª Conferência Internacional dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla inglesa).
Nesse contexto, o primeiro-ministro sublinhou que transformar essa oportunidade em realidade exige uma estratégia conjunta, coerente e duradoura, e propôs, que a reunião consagre a Declaração da Praia, que será o documento orientador do compromisso político do grupo, alinhado com a Agenda de Antígua e Barbuda e focado na mobilização de recursos para os desafios climáticos e de desenvolvimento sustentável.
Lembrou que o “novo e ambicioso” plano de ação no âmbito da Agenda de Antígua e Barbuda para os SIDS, adoptado em Maio de 2024, foi concebido para responder, de forma concreta, aos desafios actuais e será uma ferramenta transformadora e aceleradora quando alinhado com os planos nacionais e os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável.
“Precisamos ser reformistas, consistentes e perseverantes na acção governativa interna de cada um dos nossos países e, ao mesmo tempo, exercer uma diplomacia proactiva, “agressiva” e concertada junto dos parceiros em defesa dos nossos interesses comuns”, apontou.
Por seu turno, o embaixador da Guiné-Bissau em Cabo Verde, Ibraima Sanó, em representação do ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares do seu país, considerou que o encontro “é relevante” para o futuro dos SIDS AIS.
Segundo disse, a reunião surge num momento crítico, marcado pelos efeitos devastadores das alterações climáticas, degradação dos ecossistemas costeiros e o crescente peso da dívida pública.
O diplomata sublinhou que o seu país enfrenta ainda obstáculos adicionais devido à instabilidade política, pobreza, desigualdades e baixos níveis de desenvolvimento do capital humano.
Já o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Américo d’Oliveira Ramos, recordou que, passados quase 33 anos desde o reconhecimento formal dos SIDS pela ONU, os desafios que afectam esses estados não só persistem, como se agravam.
Entre as dificuldades, destacou as alterações climáticas, a escassez de recursos naturais, a vulnerabilidade a desastres e as crises socioeconômicas intensificadas pela globalização.
Oliveira Ramos apelou à “implementação urgente” de um mecanismo “rápido, previsível e financeiramente robusto” para resposta a emergências climáticas, lembrando que São Tomé e Príncipe ainda aguarda o cumprimento de compromissos assumidos após um dos maiores desastres naturais da sua história, ocorrido em 2022.
A reunião em que participam representantes de diversos países insulares, pretende produzir orientações concretas, com calendários exequíveis e mecanismos de acompanhamento claros, visando garantir aos povos insulares um futuro seguro, próspero e sustentável, através da coesão, inovação e diplomacia solidária.
O encontro, que contou ainda com intervenções de outras individualidades, reúne chefes de Governo, ministros dos Negócios Estrangeiros, embaixadores e directores gerais dos Estados membros para estabelecer um espaço estratégico de diálogo sobre questões comuns e delinear o futuro do grupo AIS.
A reunião surge num momento estratégico, após a realização da 4.ª Conferência Internacional dos SIDS (SIDS4) em Antígua e Barbuda e a aprovação do Índice Multidimensional de Vulnerabilidade (MVI) pelas Nações Unidas.
Com vista ao futuro, o grupo AIS posiciona-se para assumir a presidência da AOSIS em 2027 e acolher a 5.ª Conferência Internacional dos SIDS (SIDS5) em 2034, passos importantes para reforçar a sua voz no palco multilateral.
Com Inforpress